sábado, 17 de novembro de 2007

Y = C + P

(Y = C + P) Demanda por moeda poupança e riqueza, meios fins e por quês.



O que condiciona o público a demandar determinada quantidade de moeda? Para demonstrarmos isto deveriamos nos valer de pesquisas não somente bibliográfica, mas, também, de testes junto ao publico (por meio de dados bancários) quanto à inadimplência, procura por financiamentos e volume de dinheiro em aplicações financeiras. Nosso objetivo aqui é apenas especular sobre as possibilidades e apontar caminhos.
Usando um corte metodológico que despreza a estratificação social ou distribuição de renda, podemos considerar, para fins de especulação (e simplificação), que uma família na economia contemporanea é definida pelos conjuntos (ou indivíduos) economicamente ativos. Que possuindo uma renda, transacionam suas trocas de produtos por meio de moeda e reservam parte de seu ganho em ativos financeiros (ou físicos) representados em moeda corrente.

Assim é válido afirmar:

Y = C + P

Tendo:

Y = Renda
C = Consumo
P = Poupança

Possuímos uma função que totaliza a renda para as famílias dada pela soma entre o consumo e a poupança, onde, quanto maior a renda obtida através de atividades econômicas de ganho, maior será a capacidade de consumir e poupar.
Sabe-se que as propensões a consumir e poupar não são simétricas, mas caminham ao lado da renda, contudo, não há duas famílias que gastem seus rendimentos da mesma forma, existe sim, uma previsibilidade estatística. Nas quais as demandas por meios de trocas e meios de reservas de valor se manifestam. Logo a procura por moeda para fazer possível as trocas e especulações é uma função de relevância continental para as economias.
A demanda por moeda e suas implicações é caracterizada por função do custo de oportunidade do dinheiro para as famílias as quais devem decidir entre os juros obtidos em qualquer tipo de poupança (Sp) – temos que lembrar aqui a poupança em questão é parte da renda não consumida ou uma reserva. A família irá relacionar o custo da aplicação e o custo de seu estoque monetário (dinheiro), a taxa de retorno do volume investido, a necessidade de transacionar moeda e inflação (desgaste do poder de compra).
As despesas conhecidas nos orçamentos domesticos relatam a questão do fluxo de caixa (entradas e saídas de dinheiro) como ponto primordial conforme pode ser exemplificado: normalmente o salário, juro, aluguel e lucro distribuídos são os meios de remuneração do capital das famílias, estes meios de remuneração geralmente têm datas especificas de entradas em contas, ou pagamento em dinheiro a seus detentores, assim, teremos um grande volume de unidades monetárias (dinheiro) em um determinado ponto no período (um mês, semestre ou ano). Em contra partida, os custo de manutenção das famílias são conhecidos também e podemos até mesmo elaborar um pequeno orçamento, suas datas de vencimentos que estão dispersas no período. Cabe então escolher em permanecer com o dinheiro líquido, em mãos, sem remuneração, ou aplica-lo em algum tipo de investimento. Determinar, então a quantidade a ser estocada e volume a ser aplicado.
Ir ao banco ou corretora e escolher um tipo de título, ou ações, ou ainda, certificados de depósitos e outros, implica diretamente em saber a relação entre a expectativa, risco e necessidade por moeda. Títulos de dívida pública, normalmente cotizados entre os clientes de grandes bancos, implicam em pouco risco e são de fácil liquidez, entretanto, sua remuneração pode ser atingida por custos de resgates ou aspectos legais e seu risco varia em proporção à economia que eles representam. As ações têm a flutuação em concordância aos resultados das companhias e economias em que estas empresas estão inserias, sua liquidez depende diretamente na confiança de um mercado de trocas financeiras, onde o sentimento de entusiasmo garante o lucro ou prejuízo. Chegamos aos certificados de depósitos que nada mais são além de uma composição entre expectativa e confiança do cliente que um banco ou corretora poderá criar um portifólio suficiente para pagar em data estipulada uma quantia de juros (remuneração), sua liquidez varia e é especificada em contrato. A função especulativa da moeda pode, portanto, ampliar a capacidade de ganho de uma unidade familiar. Todavia temos que recordar da função de meio de troca da moeda e ainda, a existencia de uma necessidade real por produção. Esse consumo autônomo, invariável a vontade do indivíduo tem que ser primeiramente satisfeito, para que em um segundo momento a poupança possa se formar.
A moeda é reserva de valor e meio de troca, as famílias optam pelo melhor arranjo, assim a melhor taxa, o menor custo e a máxima liquidez, para conseguir efetuar os pagamentos periódicos.
Pode parecer obvio, mas, definir um cenário para uma realidade, fragmentada, coesa, democrática e com economias fortemente interligadas é complexo. A tarefa fundamental, não é somente determinar a expectativa dos agentes econômicos (as remunerações), como também o produto gerado impacta nas demandas agregadas, as poupanças nacionais, na arrecadação de impostos, na capacidade de investimentos públicos e privados.
O consumidor individualmente não tem força para mudar a direção de uma economia, contudo, uma crise de consumo, uma desconfiança generalizada, a descrença na moeda nacional, podem afetar os níveis de poupança que (segundo os economistas) deixará de tornar-se investimento produtivo na cadeia capitalista, pois as poupanças não se formarão com um ambiente instável no mercado mundial.
As remunerações das famílias em uma economia aberta são (como já foi dito) normalmente: salários, alugueis, juros e lucros distribuídos. E seus contrapontos são: consumo (das famílias), Poupança (diferença entre a renda e o consumo), tributos diretos / indiretos e o pagamento de renda ao exterior. A demanda por moeda está relacionada com seus custos: o custo de oportunidade de permanecer com o dinheiro, custo de ir ao banco, ou corretora, custo de juros não-ganhos sobre a quantia que permanecer não-aplicada.
Logo as famílias tentem a dirigir suas economias aos menores custos e consumir a maior quantidade de produtos dentro de um leque de opções de preços / remunerações possíveis. O teto de bem estar das famílias obedece à elasticidade da renda obtida, assim como, a quantidade poupada da renda obedece a uma função entre restrição orçamentária e renda obtida.
A renda que permanecer dentro desta diferença entre consumo e recebimento será a poupança familiar, que em um sistema de contabilizações contribuirá para o investimento em formação de capital fixo, tanto público (estatal) como privado. Para compreendermos melhor a relação entre a poupança e a formação do capital, vamos observar a equação abaixo:

Cp + Td + Tc + Yf + Sp = ( Y – Se) + Gt

Onde:

Cp = Consumo das famílias
Td = Tributos diretos
Tc = Outras receitas do governo
Yf = Renda Líquida enviada ao exterior
Sp = Poupança das famílias
Y = Produto-líquido ao custo dos fatores
Se = Lucros não distribuídos
Gt = Transferências

Esta equação revela como as famílias utilizam a renda por elas apropriada, de um lado da conta à renda, de outro as despesas. No lado da renda a equação consolida as remunerações das famílias que participam do processo de produção; elas são constituídas por alugueis, juros e lucros distribuídos, mais as transferências recebidas pelo governo (como a previdência pública). As transferências apesar de não serem incluídas no conceito de valor agregado, pois, tratar-se de remuneração não pela participação no processo produtivo, ainda sim, são computadas como renda e utilizadas na compra de bens / serviços que atende suas necessidades de consumo. Já no lado das despesas são especificadas as transações correntes como consumo, tributos e renda líquida enviada ao exterior e por convenção, é lançada a poupança como despesa para contrabalançar os totais de renda e despesas (convenção).
Temos que notar que a renda não consumida (Poupança) vai a um cenário futuro ampliar a capacidade de obtenção de renda das famílias, pois, os juros compõem parte do ganho das famílias. “Se um individuo consome uma unidade a menos de produção hoje e usa o valor poupado para adquirir um ativo financeiro, quantas unidades a mais poderá consumir no próximo período?” (Macroeconomia – Sachs, 255p). Portanto as famílias precisam efetuar uma escolha, entre permanecem com o dinheiro líquido (e perder juros) ou aplicá-lo. Ao poupar as unidades familiares estão contribuindo para a formação de poupança nacional que futuramente será usada na forma de investimentos reais, ou consumir as famílias realizam a demanda de um bem que, durável ou não, tem uma utilidade e fim. A demanda por moeda é por fim, sem ilusões monetárias, pois, se deixo de consumir agora é para que no futuro possa consumir mais unidades de produção. É o ciclo econômico se completando e fechando em uma espiral de desenvolvimento e progresso, poupar agora, ampliar a capacidade produtiva e de obtenção de renda, para no futuro consumir mais bem estar social.

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