quarta-feira, 18 de novembro de 2009

No Wow

Tradução livre de uma música do The Kills


Você vai ter que passar por cima do meu cadáver
para sair por aquela porta
Você me encantou com a sua magica
meio trágica
"Pra sempre" é o tipo de coisa que você não tem mais
E todas as pessoas que você vê se aproximarem pra te salvar
Você as inventa na sua cabeça
Seus olhos são sagrados, rolando, surrando, batendo
O teto se aproxima de você todo o tempo
Não há mais surpresa agora
Foram todas sufocadas
Quem não morreu ainda, vai morrer na praia
Não há mais surpresa agora
Não há mais surpresa agora
Não há mais surpresa agora
Goteja, goteja, goteja, assim como..
Goteja, goteja, goteja, assim como..
Goteja, goteja, goteja, assim como o livre fim da noite

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

É legal o som...

Disneylândia - Titãs

Filho de imigrantes russos casado na Argentina
Com uma pintora judia,
Casou-se pela segunda vez
Com uma princesa africana no México

Música hindú contrabandiada por ciganos poloneses faz sucesso
No interior da Bolívia zebras africanas
E cangurus australianos no zoológico de Londres.
Múmias egípcias e artefatos íncas no museu de Nova York

Lanternas japonesas e chicletes americanos
Nos bazares coreanos de São Paulo.
Imagens de um vulcão nas Filipinas
Passam na rede dc televisão em Moçambique

Armênios naturalizados no Chile
Procuram familiares na Etiópia,
Casas pré-fabricadas canadenses
Feitas com madeira colombiana
Multinacionais japonesas
Instalam empresas em Hong-Kong
E produzem com matéria prima brasileira
Para competir no mercado americano

Literatura grega adaptada
Para crianças chinesas da comunidade européia.
Relógios suiços falsificados no Paraguay
Vendidos por camelôs no bairro mexicano de Los Angeles.
Turista francesa fotografada semi-nua com o namorado árabe
Na baixada fluminense

Filmes italianos dublados em inglês
Com legendas em espanhol nos cinemas da Turquia
Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova Guiné

Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do Sul.
Pizza italiana alimenta italianos na Itália

Crianças iraquianas fugidas da guerra
Não obtém visto no consulado americano do Egito
Para entrarem na Disneylândia

domingo, 30 de agosto de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Porta Curtas

Video interessante e pedagógico...rs

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A mediação e o coordenador

O problema da função do coordenador pedagógico, no que tange a mediação dos conhecimentos para a formação continuada dos profissionais da educação na escola, bem como, o atendimento a pais e alunos, e ainda, na contribuição positiva para o estabelecimento e fortalecimento de uma escola realmente inclusiva e democrática, perpassa para nós uma questão até então anterior à função (ou cargo), mas sim, filosófica por assim dizer.
Sem pesarmos em termos de Hegel, a dialética é um jogo de teses, antíteses e sínteses para se alcançar à conformidade com o “espírito absoluto” e uma vez os homens conformados (moldados) com a vontade desse espírito chegaríamos na razão do tempo histórico, assim, existe uma verdade a ser descoberta e alcançada que (ao nosso ver) para Hegel independe da realidade. Em paralelo, o coordenador escolar, tem uma experiência, acesso as normativas institucionais das secretarias de educação e poder para mover o corpo escolar para uma determinada direção e meta, e poderia assumir uma postura Hegeliana tentando conformar o todo escolar, sem observar a realidade, a uma regra uma normativa ou posturas teóricas.
Por outro lado, os jogos de forças da realidade falam aos sujeitos, e rebeliões brancas sempre ocorrem, a desobediência ou “releitura” das regras, de modo a favorecer determinado grupo, crença ou análise não estão ausentes na escola. Uma leitura que parte da realidade e a partir dela propõe uma discussão, um consenso e um diálogo com as normas, leis e contribuições teóricas também estão na perspectivas de atuação do coordenador. Nesse sentido, uma ação, uma prática, que lembra muito a análise Marxista ou (até mesmo) Aristotélica, no sentido que observamos o Ato (a realidade ou atualidade) e a partir daí nosso curso de ações e respostas. Assim, observamos a realidade, sentimos os problemas que afligem aquele grupo em questão e somente depois apontamos um direcionamento, um curso de ação, lastreado em reflexão, leitura e consensos.
O coordenador tem então um desafio quanto a origem de sua função, de mediar os conhecimentos aos colegas professores, de atender os pais e alunos, no sentido de estabelecer uma gestão democrática e participativa, visando a inclusão de diversos grupos, sem, ser determinista (ou impositivo) e ao mesmo tempo sem desrespeitar as normas, leis e lastro teóricos de suas ações. Ele (coordenador) não pode impor ao coletivo escolar uma visão, mas não pode deixar de ter uma visão sobre esse coletivo, deve propor a avaliação e reflexão constante de todos os participantes da escola, mas não pode impor sua interpretação dos fatos, deve sugerir leituras e questionamentos, contudo ter o cuidado para deixar emergir do conjunto dos participantes suas preocupações, demandas e usar esse material como norte para pesquisa, formação e planejamento.
Assim, propor um curso de formação para participantes dos colegiados da escola (conselho, grêmio e associação de pais) e uma série de reunião com professores para trabalho pedagógico coletivo, pertence a parte da função provocativa e fomentadora do coordenador, que chama para a reflexão, para a leitura, para o debate e diálogo os mais diversos atores da escola. Contudo, o resultado não pode ser pré-determinado, pois é com o debate (após o debate) que muitas ações serão tomadas, que se planejará o trabalho com os conteúdos, a solvência de problemas do cotidiano escolar e até mesmo se levantará temas como violência, disciplina, problemas de participação, verbas, didáticos e demais.
Tais questões perpassam não somente a atitude e perfil do indivíduo que ocupa a coordenação, mas também, seus conhecimentos e projeções do homem na sociedade e no mundo, suas concepções filosóficas do indivíduo, suas crenças quanto ao jogo democrático e das leis, seus lastros teóricos e sua capacidade de síntese e liderança. Como também o ambiente que ele está inserido, sob quais limites ele trabalha e como poderá ocupar um espaço na escola para atuar. Como notamos, a formação docente e a experiência docente se completam com a experiência de vida e a trajetória que se fez para chegar até a coordenação.
Enfim, como propor sem impor? Como atuar sem determinar? Esse é um desafio constante a esta função e para o indivíduo que a ocupa.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Reflexão de estágio (muito antiga)

Chegamos aproximadamente a 1 da tarde, as crianças estavam com o professor de educação artística, o que nos deu a oportunidade de conversarmos com a professora na sala dos professores na frente dos novatos do segundo ano de pedagogia.
Confesso que foi um exercício interessante à objeção inicial a nosso primeiro planejamento da professora, pois assim, pensamos nos argumentos, na consistência teórica de nossas afirmações e pudemos efetivamente ter um processo de troca real com uma escola que se encontra inserida na realidade de uma cidade de médio porte no Brasil.
Vinculei rapidamente, o que estávamos fazendo ao apresentar a professora da sala de estágio o plano de intervenção, com um discurso apodíctico, cuja obrigação era apenas defender um ponto de vista, e não tratar da verdade. Mas ao mesmo tempo ocorreu-me a idéia de um professor novato que visava adaptar a sua idéia de escola e docência com a prática e a realidade. Em todo o esforço de elaboração de autocrítica e outros.
Somente neste instante é que percebi o por que a escola gera um conhecimento próprio de seu ambiente (escolar) e não apenas reproduz padrões sociais. No momento da demonstração, da pesquisa, da aplicação do plano de aula com as crianças na cristalização destes componentes em uma única aula se produziu uma obra única, não podendo ser reproduzida exatamente com os mesmos personagens. Por fim, não ficamos presos as nossas observações limitadas, mas sofremos o embate, o impacto da negativa, tivemos que fazer do diálogo uma ferramenta não de convencimento somente como também um instrumento de adaptação e reformulação.
A intervenção em si foi bem tranqüila, as crianças com maiores dificuldades tiveram nossa atenção e conseguimos fazer com que todos produzissem um texto (bilhete) escrito, fizemos questão que as crianças assinassem os seus bilhetes, que se debatem com conflitos, como não gostar do colega e ter que escrever para ele. Retomamos o filme e construímos um material juntamente com as crianças com muita tranqüilidade. Fizemos os combinados da sala para que na sexta tanto a professora, quanto às crianças esperassem a correção dos bilhetes e se preparassem para a construção escrita de um texto maior ao Grinch.
Continuo com questões quanto ao modelo de escola defendido pela direção e professora, acredito em algo mais livre, ensinar as responsabilidades da liberdade e seus custos para as crianças é algo primordial ainda.
Muitas crianças perguntaram sobre o quê eles deveriam escrever, mas a questão era na verdade o conteúdo, tanto o Paulo quanto eu deixamos que eles criem as hipóteses e as colocassem por escrito, limitamos nossa exemplificação a um pequeno bilhete colocado na lousa, que demonstrava, entretanto, não dava as respostas às crianças.
Fico ainda me perguntando como é preparar para a vida e seu longo e continuo processo de escolhas, e como ser um professor democrático e mediador do conhecimento tal como o saber é. Quais as competências e habilidades que devemos, não por aspecto legal, ensinar. Os índios no amazonas deveriam ter na caça e pesca uma matéria fundamental a ser ensinada, mas quais os conteúdos que nos, pós-modernos, pós-punks, pós-guerra mundial devemos ter? (Eu lembrei um texto do Elmir que os índios americanos falam das crianças brancas e oferecem ajuda para ensinar as crianças brancas a serem verdadeiramente homens, acho que ele deu essa aula para a biologia). O que importa é o que devemos ensinar e o que as crianças devem saber, então, voltamos ao saber fazer, saber ser enfim saber.
A sociedade pela mídia, pela família, pelo trabalho e pelas outras relações não ensina a viver, contudo a sobreviver. Entretanto, estamos em paz e o conflito entre classes não ultrapassou o nível teórico. Os não abastados sobrevivem e os ricos são cheios de pecados capitais, não se ensina a força de viver, a potencia para vida, a manifestação, o cuidado com o cidadão, com a coisa pública, com seu povo.
Fiquei em dúvida em ensinar história como eu aprendi, com nomes, datas e os processos de heróis, mas não confio em um ensino a partir de uma vivência particular. Também vejo a ciência como algo extremamente interessante para se ensinar a escrever bem, a interpretar textos e fenômenos naturais ou biológicos. A descrição, a narrativa e a dissertação estão na tese das ciências destes seus primórdios. Então, Chapeuzinho Vermelho é tão importante como ensinar a gravitação universal de Newton e as aulas de português poderiam ser permeadas com mais conhecimento cientifico e menos mítica ou folclore (ou com mais equilíbrio). Acho que estou defendendo uma escola ou planos de aulas por projetos: relógio de sol, experimentos de física e biologia e depois teatro, dança e música. Não sei o volume de trabalho disso que falei... (risos).

Fabio At Visioli.

Reflexão livre: palestra XXXX sobre deficiência e relações com a leitura de Kerouac.


De certa forma Aristóteles me dá a sobriedade que preciso para viver e compreender o mundo sensível, a política, os homens e a falar com lógica meus discursos, mesmo que mentais ou verbais apenas. Em antíteses a esse processo, mas não menos iluminado e brilhante, Kerouac traz a loucura, a escrita rápida, quase sem fôlego de alguém que não crê, e ainda assim, vê a realidade (e a entende) suficientemente para registrá-la. Sonhos, delírios, geração perdida?
O que resta, então, é uma mistura e um pingo de crença que a metafísica existe, que ainda podemos voar, por mares de vinho e quem sabe dançar ao som de tango comemorando o surgimento do Baco pós-moderno.
Poderíamos também levantar um assunto a muito morto (pelo menos para mim); a questão da ciência e da prova: o que seria evidência? o que é então pensamento legítimo que deve quando transmitido refletir uma verdade provável? Prefiro, os sofistas pela beleza, prefiro os detetives como Holmes, pois ao observarem um sinal percebiam as conexões dos temas de maneira transversal, não se limitando a um campo de batalha, de luta e explicação. Os assassinos e suas histórias poderiam sim ensinar ao cientista em como solver um problema, portanto.
Deste modo, me deparo com uma questão, ou várias, se há um limite, a humanidade sempre se colocou a produzir para superá-los? Vamos relembrar quando vimos o mar intransponível e a aventura humana que se constituiu nas grandes navegações, devemos também (somente para ficar em dois exemplos) da censura das ditaduras e o avanço (que geralmente) ocorriam nas artes e na política como representação da luta democrática.
Concluo, então, que as deficiências são limitações, e que as limitações colocaram o engenho humano para a produção, com sua conseqüente superação. Resta uma pergunta. Pode o deficiente produzir? Respondo que sim, se colocado a frente de sua limitação e estimulado, ele (ou ela) por ser do gênero do homem e estar imbuindo de alma (aqui me remetendo aos gregos) produzirá cultura, arte, ciência, valor (tanto ético quanto econômico e político).
São os sonhos descritos no livro de Kerouac (no O livro dos sonhos) somente delírios? Também respondo, e digo não, são representações do real, mas colocam outras possibilidades descritivas, de narrativas e enfim, de lógica. Ultrapassando o limite imposto do real e produzindo, neste caso, arte.
São os dilemas metafísicos, barreiras para o desenvolvimento, se considerarmos certas ideologias? Sim, e por causa justamente de serem barreiras, constituem-se em estímulos para a criação, para imaginação, convergência.
Logo, o custo econômico que justificaria a não atenção aos limites do indivíduo, de fato, impõem um controle cruel e frio, que rebaixa o sujeito a carne, órgãos e estímulos sem coesão. E isto, carne, somos todos e justificaria se aplicar tal controle a toda sociedade, já que de certo modo somos todos limitados? Estaríamos uniformizados em uma das piores amarras, a mental. Não sonharíamos e, portanto, não ultrapassaríamos os mares, nem lutaríamos contra ditaduras, não comporíamos o mosaico criativo que é o essencial humano.


Fábio
23/04/09

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Joaquim o herói batata

Cabeçudo, loiro e vestindo uma bermuda que mais se assemelhava no comprimento a uma calça com uma camiseta amarela a combinar, Joaquim sentado ao lado do pai espera. Imita-o em alguns gestos e olha curioso ao seu redor. Seu velho sai num instante seguinte, acho para retornar ao carro, então, Joaquim, nosso herói, se vê livre para explorar em aventuras a lanchonete na qual sua mãe aguarda na fila do caixa.
Sai do banco, quase pula para liberdade, perambula pelas mesas, observar os casais, as outras crianças por detrás das vitrines (sabe aqueles brinquedos gigantes nesses fast-foods de hoje?), vai até as caixas de som próximas ao chão, bate como se os tapas testassem a sonoridade do aparelho. Volta a seu local de origem, a mesa, dirige-se depois a fila e enche com a mãe, sorri, parece brincar de esconde-esconde com ela.
Entretanto a fome bate e nosso protagonista encontra um pacote pequeno de fritas a disposição, ali sem dono em uma mesa alheia, não se acanha, furta três ou quatro batatas, volta a caminhar investigativo pela loja de lanches, retorna a sua mina de batatas, desta vez depara-se com a legítima proprietária da comida. Pára, observa e sem dúvida alguma estende o braço e furta sem constrangimentos duas fritas.
A mãe ao ver a cena sinaliza ao pai que ralha com o marginal de três anos, afinal de contas é crime. Nosso herói, entretanto, não se constrangem e abre um sorriso desdentado ao progenitor, Joaquim ganha em argumentação. Sai lentamente caminhando, entre as cadeias, por debaixo das mesas, um jovem casal (que como eu) acompanha a saga de Joaquim ri. A Senhora vitimada pela criança o chama e oferece mais batatas, ele desta vez pega apenas uma, a mãe o encontra e o ensina a agradecer: - Fala obrigado! - BRIGADU!
A fila avança, todos tomam sorvete no local do crime, Joaquim nosso herói, continua a praticar sua simples filosofia de vida, batatas fritas são gostosas.

Nosso herói.

Fabio Visioli

sábado, 17 de janeiro de 2009

Este poema é uma tradução do francês para a nossa língua e mesmo assim...

Adormecida no bosque


A princesa em palácio todo em rosa púrpura,
Dorme sob os murmúrios e as sombras infiéis.
E de coral esboça uma palavra obscura
Quando as aves perdidas mordem seus anéis.

Nem as gotas ela ouve, em suas quedas lestas,
Do século vazio retirem a pompa,
Nem flautas em um sopro unidas nas florestas
Rompem o rumor de uma frase de trompa.

Deixa, devagar, o eco adormecer a Diana,
Sempre mais semelhante à suave Liana
Que oscila e toca teus olhos amortalhados.

Tão perto de tua face, a rosa, tão lenta,
Não desfaz o prazer desses cílios cerrados,
Sensíveis em segredos ao raio que os freqüenta.


(Paul Valéry). Tradução de Júlio Castañon Guimarães