sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Esboço (cursinhos populares)

Esboço (cursinhos populares)


A “escola libertadora” a instituição que em tese garantiria a mobilidade social, que funcionaria como um filtro onde os mais capacitados atingiriam as melhores posições da sociedade, é criticada no pensamento de Bourdieu. Seu conjunto de argumentos levanta questões estatísticas, de herança cultural e coloca a tona o papel conservador da escola.
Entretanto, ao participar do 4º Fórum regional dos cursinhos populares, observei que o ingresso à universidade pública, a preparação e formação crítica do indivíduo são papeis atribuídos a escola, sobretudo a formada pelos movimentos de cunho social. Para os participantes destes movimentos a escola liberta, e é de fundamental importância na apropriação pelo indivíduo do conhecimento, sendo uma das formas de ascensão e transformação social.
A escola preparatória ao vestibular popular constitui em um movimento que visa incluir uma camada não assistida por políticas de estado e tenta compensar a crise do ensino médio, busca a transformação e a ascensão pela educação e pela geração de escolas críticas.
Há, portanto algumas questões a serem respondidas:

Não seria os cursos preparatórios uma maneira de conservação social?
As universidades não poderiam olhar para tais movimentos em sua grande parte originados do movimento estudantil e ver neste processo uma maneira de se esquivar de políticas sérias de inclusão?
Quais as reais taxas de sucesso destes cursinhos preparatórios?

Para tentar responder a tais perguntas poderíamos nos voltar às políticas de inclusão da universidade, verificar a história de um grupo de indivíduos oriundos da escola públicas, verificar se eles utilizaram-se de cursinhos pré-vestibulares, de alguma política de inclusão, e seu eventual destino após a universidade.
Poderíamos atrelados a este trabalho, estabelecer um dialogo com algumas escolas públicas no sentido informativo sobre a universidade e seus meios de acesso. Juntamente a isto, formatar um banco de dados com o perfil destes estudantes, suas pretensões e realidade socioeconômica. Estabelecer as reais taxas de sucesso dos oriundos das escolas públicas, e se tais estudantes utilizaram-se de cursinhos populares e qual a efetividade das políticas de inclusão. Daí verificar se os cursos preparatórios são meios de conservação social ou não. A crise do ensino médio e este hiato com a universidade também pública seriam objeto de outra pesquisa, como também um estudo detalhado das políticas a ela atreladas. A hipótese principal é a confirmação da falácia da “escola libertadora” e a apresentação de sua retórica, no quadro da cidade de Ribeirao Preto.