terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O velho e o novo educar


Em minhas viagens pelo Brasil, minhas parcas idas e vindas. Deparei-me com variados tipos de educadores, alunos e instituições de ensino, alguns com caráter progressista e dialético, outros mais imersos nos problemas diários, suas burocracias, e ainda, grupos com reflexão ligeira.
Contudo, um conjunto de professores no qual estava a apresentar uma atividade a ser usada aos alunos do fundamental, me chamou à atenção: primeiro eles desconheciam o nome da brincadeira de pique que propunha; e depois de minha explicação tímida – pois parecia que dizia em outra língua a eles – a correção vinda do grupo e porque não, a contextualização do coletivo se fez. De corre-cotia; inicialmente proposto para chicotinho queimado...

Em certa medida o cotidiano pode e deve fornecer os problemas e as atitudes as serem laboradas na instituição escolar, entretanto, não basta tratarmos de nosso local sem se fazer o vínculo com a realidade global e conseqüente conscientização do sujeito. Para tanto, compreender aspectos da complexidade e situações que os diversos conteúdos se encaixam torna-se missão do docente.
Daí a escolha de uma seqüência didática (material didático) para referenciar o trabalho do aluno, e o uso por parte do professor das diversas estratégias com a finalidade de facilitação do estudo e tomada de posições do discente. Também é relevante e deve-se destacar a assunção de temáticas, problematizações e contextos pelos pupilos, pelas crianças, pois o ensino não pode ser somente um método de depósito de nomes e fórmulas nas mentes dos estudantes.
Pensando isto, e muito mais, deixei o grupo me ensinar como se brincava de chicotinho queimado, percebi a semelhança com o meu corre-cotia (paulista) e propus ao grupo como poderíamos conceber um jogo para as crianças, aos alunos, de maneira simples rápida e que proporcionasse uma avaliação para o professor. Ao fazer isto não abandonei o meu planejamento, pelo contrário, fiz a atividade inicialmente proposta, mas agora tive comigo, colaboradores outros que se sentiram ativos, participantes, na construção do ato pedagógico.
Confesso que foi engraçado ver as professoras e professores brincarem como se 7 ou 8 anos tivessem, confesso que entrei na roda de brincadeira também, e os materiais usados não foram nada além que: diálogo, escuta, reflexão, canto, umas cadeiras, papel e caneta...

Não utilizamos computadores de última geração, nem mesmo mecanismos complexos descritos pela neurologia, muito menos objetos da moda consumista... Uma brincadeira tradicional, proporcional aos níveis de ensino que pretendíamos atuar, a leitura, a escrita, trabalho em grupo, respeito, diálogo, lateralidade, contagem, e ainda, ludicidade foram bem explorados...

Fábio Visioli - Pedagogo pela USP - RP e Consultor educacional 

Carisma - ONG

O xadrez: mais que um jogo



Como definir o Jogo de Xadrez? É apenas um jogo, um esporte, ou seria arte? Para alguns a discussão do que é o xadrez não descansa mais sobre essa tríade, e, sim o quão essencial, esse esporte, arte e ciência pode ser ao ajudar na educação e formação de crianças e jovens.

Falar que o estudo do xadrez ensina conteúdos curriculares é uma grande falácia, mas afirmar que ele pode e ajuda a desenvolver habilidades que serão utilizadas em todos os aspectos da vida dentro e fora da escola isso é uma grande verdade.

Aspectos cognitivos como concentração, atenção, lógica, memória, disciplina do corpo e mente, confiança, capacidade de tomada de decisões e planejamento são verdadeiramente desenvolvidos por esse jogo conhecido como Jogos dos Reis e Ginástica da Inteligência.

Cabe a nós Educadores, Coordenadores e Gestores da Educação criar oportunidades e mecanismos que agreguem não só o xadrez, mas também outros jogos da mente no dia a dia escolar. Queremos formar sujeitos ativos, autônomos e capazes de planejar e refletir sobre a realidade que o cerca.

Além disso, queremos formar verdadeiros cidadãos, capazes de prever suas atitudes e consequências para quem sabe alcançarmos algo melhor do que o já dado, e perpetualizado em nosso país e mundo.

Certamente, o xadrez é muito mais que um jogo, é uma ferramenta capaz de fazer a diferença em muitos aspectos da vida daquele que o pratica. Pois o que podemos fazer de bom e útil à vida, que não começou a partir de um tempo de espera, reflexão, análise, escolhas e conclusão? Nada diferente do que fazemos ao pensar em um simples movimento de peça e execução de jogada. Portanto, avaliem se o espaço que cada um dos leitores tem para atuar, se podem ou devem incentivar a prática de um jogo que implantação e manutenção são tão baratas e os benefícios tão imensuráveis.

Paulo Henrique de Faria - Pedagogo pela USP - Ribeirão Preto; Coordenador do Clube de Xadrez de Batatais, voltado à prática de competição de alto rendimento e Treinador da equipe de xadrez da Associação Atlética Acadêmica Rocha Lima – USP; Árbitro da Confederação Brasileira de Xadrez e Fundador do http://www.xadrezbatatais.com/