sábado, 7 de fevereiro de 2009

Joaquim o herói batata

Cabeçudo, loiro e vestindo uma bermuda que mais se assemelhava no comprimento a uma calça com uma camiseta amarela a combinar, Joaquim sentado ao lado do pai espera. Imita-o em alguns gestos e olha curioso ao seu redor. Seu velho sai num instante seguinte, acho para retornar ao carro, então, Joaquim, nosso herói, se vê livre para explorar em aventuras a lanchonete na qual sua mãe aguarda na fila do caixa.
Sai do banco, quase pula para liberdade, perambula pelas mesas, observar os casais, as outras crianças por detrás das vitrines (sabe aqueles brinquedos gigantes nesses fast-foods de hoje?), vai até as caixas de som próximas ao chão, bate como se os tapas testassem a sonoridade do aparelho. Volta a seu local de origem, a mesa, dirige-se depois a fila e enche com a mãe, sorri, parece brincar de esconde-esconde com ela.
Entretanto a fome bate e nosso protagonista encontra um pacote pequeno de fritas a disposição, ali sem dono em uma mesa alheia, não se acanha, furta três ou quatro batatas, volta a caminhar investigativo pela loja de lanches, retorna a sua mina de batatas, desta vez depara-se com a legítima proprietária da comida. Pára, observa e sem dúvida alguma estende o braço e furta sem constrangimentos duas fritas.
A mãe ao ver a cena sinaliza ao pai que ralha com o marginal de três anos, afinal de contas é crime. Nosso herói, entretanto, não se constrangem e abre um sorriso desdentado ao progenitor, Joaquim ganha em argumentação. Sai lentamente caminhando, entre as cadeias, por debaixo das mesas, um jovem casal (que como eu) acompanha a saga de Joaquim ri. A Senhora vitimada pela criança o chama e oferece mais batatas, ele desta vez pega apenas uma, a mãe o encontra e o ensina a agradecer: - Fala obrigado! - BRIGADU!
A fila avança, todos tomam sorvete no local do crime, Joaquim nosso herói, continua a praticar sua simples filosofia de vida, batatas fritas são gostosas.

Nosso herói.

Fabio Visioli