domingo, 25 de novembro de 2007

Do Reino da Necessidade à Liberdade.

Do Reino da Necessidade à Liberdade.

Gramsci nascido em uma pequena ilha, pobre, estudante em Turim, ativo participante de movimentos políticos. Formador de uma filosófica/prática que prezava o trabalho como meio para a libertação do trabalhador.
Sua passagem pela educação trata a questão da educação pelo trabalho não em transformar a escola em oficinas, mas sim, de esclarecer, clarificar, o papel do instrumento do trabalho em seu sistema. Como a exploração é realizada e como através do entendimento do papel histórico (e sua possível crítica) compreender o trabalho, a técnica em elementos da reprodução. Assim, capacitando o operário em todas as funções da fábrica inclusive em dirigi-la.
O mesmo instrumento, que em um primeiro momento externo, estranho e imposto pode após sua compreensão, ser o instrumento de construção da liberdade do sujeito. Do individuo histórico.
INDIVÍDUOS como pensaria Hegel, que atingiram a “consciência para-si”, INDIVÍDUOS que chegaram a autonomia, que passaram pelo processo de abstração e atingiram o outro. Em nenhum momento, Hegel é tratado como fonte direta. Mas, em todo pensamento de Gramsci o conflito e o jogo dialético perpassa o dialogo com as idéias, conceitos e prática. Gramsci é, sobretudo um materialista, e como é sabido, tem influência direta de Hegel.
Entretanto, diferentemente a Hegel, ou até mesmo Kant, não é apenas a autonomia que interessa a Gramsci, interessa também a mudança das condições REAIS da vida, do sistema produtivo. Gramsci percebe que para atingir a transformação social (revolução) a classe trabalhadora tem que ganhar a consciência enquanto classe produtiva, capaz, sobretudo e unida a uma escola do trabalho. Não técnica apenas, não como a universidade popular, não como forma de caridade, e sim, como ambiente de tomada de consciência e luta.
A mesma caneta, que para a criança primária é opressora, por causa dos movimentos repetitivos para controle, e exaustivos treinamentos da língua pátria, é o mesmo instrumento do homem que vai ao mercado e faz uma lista, do bilhete a namorada e do poema do artista. A Caneta poderia ser compreendida como instrumento de trabalho e suas utilidades estariam em um reino. Um reino de necessidade, de utilidade, de compra e venda; passa (o homem) a um outro momento, agora maduro, em que a experiência permite, escrever uma obra de arte, um sentimento universal. Mudou o homem que segura a caneta, o instrumento, não se mudou. Mesmo assim, passou-se a outro reino, o da liberdade.
O problema da geração de intelectuais dentro da classe trabalhadora, e sua possível militância. Para atingir a hegemonia e a sociedade civil, que quando da revolução não irá rejeitar as idéias socialistas. Que aparentemente, para Gramsci, seria uma realidade de produção e distribuição mais justa.
Conselhos de fábricas, jornais, revistas e duas escolas (sendo uma por correspondência para atender o caráter revolucionário) formaram e tomaram a vida de Gramsci, elegeu-se deputado, participou ativamente das greves e manifestações e claro, foi preso por Mussolini. Logo, Gramsci sofre influência do jogo idealista, jogo em que a razão esta em outro plano. Lembra que a mudança nas condições passa antes de tudo por um ganho de autonomia, de uma consciência do instrumento. Sua lógica é a lógica dialética e tem os mesmos conflitos de tese e antítese, chegando posteriormente a um terceiro, uma síntese. Contudo, tal manifestação da influência apreciada, não é direta, vêm por um outro filosofo um alemão, que materializou a dialética e seus movimentos: Marx.