quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Reflexão Livre – hora do intervalo

Em dias chuvosos e com sol ausente percebo com estranheza o verão, olho para o céu cinza, sinto os leves pingos d’água e coleciono um olhar único ao quadro que me cerca. O abraço das horas, o canto dos minutos, o triste e lento esperar de uma chegada previsível e imutável agora distante, e, em alguns instantes, breve, são companheiros precisos, exatos e imutáveis. Nesse dia nebuloso, em nevoa, tal qual um sonho de terror, com alma de mistério e medo, eu adormeço acordado, em transe, nem lá ou cá... Nem um ou outro. É dia, mas não há definitivamente um sol, é dia, e não tenho os sinais do dia, ou não tenho os sinais do verão que lembrava. O passado do verão agora estão quase apagados, deletáveis a memória, um vaso quebrado que me esforço a recompor os pedaços, mas a mente falha, e faltam pedaços. Percebo a construção mental, consigo nomear o objeto, e, simultaneamente, encontro a ausência dos detalhes faltantes...
Remontei, e remonto o dia de verão, contudo, o que tenho é uma manhã cinza... Lama, pegadas, vestígios de um passado de outrora, do sol, calor, enfim, verão...

Fábio Visioli

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