Adormecida no bosque
A princesa em palácio todo em rosa púrpura,
Dorme sob os murmúrios e as sombras infiéis.
E de coral esboça uma palavra obscura
Quando as aves perdidas mordem seus anéis.
Nem as gotas ela ouve, em suas quedas lestas,
Do século vazio retirem a pompa,
Nem flautas em um sopro unidas nas florestas
Rompem o rumor de uma frase de trompa.
Deixa, devagar, o eco adormecer a Diana,
Sempre mais semelhante à suave Liana
Que oscila e toca teus olhos amortalhados.
Tão perto de tua face, a rosa, tão lenta,
Não desfaz o prazer desses cílios cerrados,
Sensíveis em segredos ao raio que os freqüenta.
(Paul Valéry). Tradução de Júlio Castañon Guimarães